A firma treme, o RH não dorme e o estagiário já sonha em comprar um PlayStation 5 com o vale-refeição. Calma, pessoal! Rumores sobre mudanças nas regras do VR e VA sempre causam um rebuliço, mas vamos analisar a situação com a serenidade de quem acabou de voltar das férias. Afinal, o que pode mudar e como isso impacta sua empresa e o prato (ou o carrinho de compras) do seu time?
Para a gestão, qualquer mudança nos benefícios soa como um alarme de “mais trabalho para o RH”. No entanto, uma flexibilização das regras pode ser uma jogada de mestre.
Atualmente, a gestão de benefícios pode ser um quebra-cabeça com diferentes fornecedores e regras. Se a mudança trouxer a tão sonhada “portabilidade”, as empresas ganhariam poder de negociação. Imagine um leilão reverso onde as operadoras de cartão brigam para oferecer a melhor taxa e o melhor serviço. O resultado? Menos custos administrativos e mais opções. É o “deixa que eles briguem” corporativo.
A principal preocupação é a “segurança jurídica”. O vale-refeição e o vale-alimentação têm vantagens fiscais justamente por serem destinados à alimentação do trabalhador. Se a regra flexibilizar demais (a ponto de virar “vale-tudo”), a empresa corre o risco de ver o benefício ser caracterizado como parte do salário, gerando um passivo trabalhista do tamanho de um abacaxi de festa de firma. Ninguém quer essa sobremesa.
Para quem recebe o benefício, a palavra “mudança” soa como música. A rigidez do “este aceita, aquele não” é um dos dramas da vida moderna.
A vantagem seria a “flexibilidade”. Poder usar o vale-alimentação no mercadinho da esquina que não tem maquininha da “bandeira certa” ou usar o VR naquele restaurante novo que só aceita “o outro cartão”, seria uma libertação. E se for possível transferir o saldo não utilizado de um para o outro? Seria o fim do malabarismo financeiro no fim do mês.
Com mais liberdade, vem a necessidade de mais responsabilidade financeira. A tentação de usar todo o saldo do VR em um único jantar harmonizado com vinhos importados é grande. O risco? Passar o resto do mês à base de miojo, contemplando a fatura e a lembrança de um filé mignon que durou pouco.
A verdade é que todo colaborador tem um sonho: um dia, encontrar um lugar que aceite o vale-refeição para pagar o rodízio de comida japonesa e a caipirinha. Se as novas regras permitirem isso, o prêmio de “funcionário do mês” terá um novo significado.
Seja qual for a mudança que venha de Brasília, uma coisa é certa: o modelo atual de benefícios está pedindo uma atualização. Para as empresas, o desafio será adaptar-se sem cair em armadilhas legais, usando a novidade como uma ferramenta estratégica para reter talentos. Para os colaboradores, a possível flexibilidade é um prato cheio, mas que exigirá um tempero extra de planejamento financeiro. Enquanto a notícia não se confirma, seguimos na torcida para que qualquer mudança venha para simplificar e não para complicar. Afinal, a hora do almoço é sagrada e o carrinho de compras, um investimento. Que o futuro nos traga mais opções e menos dores de cabeça na hora de passar o cartão.